Pai babado 2...

No primeiro dia em que o Miguel José foi para casa, passei por uma experiência que me traumatizou bastante.

Estava a dar o leitinho ao Miguel e a dada altura ele engasgou-se. Começou a abrir muito os olhos e eu comecei a entrar em pânico. Comecei a gritar à Mizé e à Paulinha para chamarem uma ambulância porque o Miguel estava a sufocar. Elas ao verem-me assim, entraram também em pânico e lá chamaram a ambulância.

No hospital viemos a constatar que não se passava rigorosamente nada com o Miguel José. Que ele se tinha sim, engasgado como é frequente acontecer a todos os bebés e que ele abria muito os olhos porque era natural dele, tal como ainda hoje faz quando está a prestar atenção em alguma coisa.

Apesar disso, desde esse dia nunca mais dei o leite ao Miguel...

Uma das minhas grandes preocupações, sempre foi a alimentação do Miguel José, pois fomos avisados que os bebés com este tipo de má formação, têm muita dificuldade em se alimentar. Contudo, o meu filhote, mostrou ser um lutador e rapidamente se adaptou à situação. Toda a gente, inclusive médicos e enfermeiros ficaram surpreendidos com a facilidade com que ele mamava no biberão.

O Miguel, foi ao seu primeiro bailarico aos quinze dias de idade. Foi apresentado a toda a gente ficando a ser adorado por todos.

Nunca escondemos o Miguel de ninguém, inclusive, foi connosco ao shopping por diversas vezes.

Já antes do Miguel José nascer, informaram-nos que os bebés são operados às fendas do lábio aos três meses, estando nós convictos que seria assim com o Miguel José.

Mas mais uma vez o Miguel José decidiu surpreender toda a gente.

Estava eu a trabalhar quando a Mizé, vinda de uma consulta com o Sr.ª Dr.º Bessa Monteiro, me liga e diz "tenho uma novidade", "o Miguel vai ser operado já no dia 18 de Agosto",. Nesta altura, ele só teria dois meses de idade.

Fiquei um bocado aflito, pois pensei que talvez fosse um pouco cedo para que ele fosse submetido à cirurgia. A Mizé explicou-me que o Sr.º Dr.º lhe havia explicado que o Miguel José estava muito grande e com peso suficiente.

Dado que deposito toda a confiança neste Médico, não mais me preocupei e aguardámos tranquilamente o dia da cirugia.

Foi um dia terrível para nós... Valeu-nos o apoio do meu irmão, da Tininha e da Paulinha, que vieram de muito longe para estar connosco naquele dia que se adivinhava muito difícil.

Primeiro despedi-me das "rachinhas", pois eu tinha noção de que quando ele voltasse da sala de operações,viria completamente diferente. Naquele momento já começava a sentir saudades do aspecto do Miguel José.

Chorei como um bebé, ao vê-lo a ser levado pela Mizé para a sala de operações.

Finda a cirurgia, foi nos braços da Mizé que o voltei a ver. Abracei-os e chorei de alegria, não por o Miguel já não ter as fendas, mas sim porque ele estava de volta e bem de saúde.

A cirurgia superou as minhas espectativas. Nunca pensei que ele ficasse tão bem, logo na primeira intervenção. O Sr. Dr.ª Bessa é simplesmente fantástico. E eu que queria ir para o Brasil, pensando que lá é que estavam os bons cirurgiões...

Mas, apesar de o Miguel José estar lindo, eu e a Mizé, temos muitas saudades de o ver com as "rachinhas". Ele tinha uma expressão encantadora com aquelas rachinhas no lábio... tinha um sorriso indescritível...

É verdade que eu sou um pai babado e muito dedicado ao Miguel José. Sinto por ele um amor incondicional e de uma dimensão impossível de quantificar... Contudo, é a Mizé que tem passado e vivido os momentos mais difíceis do Miguel. Ela é incrível... incansável. Ela representa em toda a sua grandeza, o verdadeiro amor que uma mãe tem por um filho.

Deus decidiu que o Miguel havia de nascer um bebé diferente e especial, mas primeiro escolheu a melhor mãe para o criar, tal como escolheu Maria para criar Jesus.

Amo-te muito grossa...

Aproveito ainda para dar um conselho aos pais que estejam a passar pela mesma situação. Não se escondam das pessoas, nem guardem para vocês o problema. Falem abertamente com a vossa família e amigos. É tudo muito mais fácil.

Muito devo ao apoio dos meus pais, irmãos, sogros, cunhados e amigos, o ter conseguido lidar tão bem com a má-formação Miguel José.

Obrigado a todos...